Extinção
Vosso bordão e vosso báculo
Já não me amparam...e
Em meio ao vale das sombras transito,
Pois os lírios não vestem
Mais os teus campos,
Estão nus, sem primavera,
Mas a espreita resistem;
Como as flores de maio
Que exalavam perfume
Emanando aromas que
Deliravam o olfato;
E a visão contempla
Nos tempos idos,
A beleza dos viços da furtiva aquarela,
O fluido da vida, dos laços
E do artesanal formato
De cada flor!
O Amor em suas Formas
Cantado até pelos uivos dos ventos,
Inexiste ainda maior sentimento;
Ambiguidade de único sentido,
Medida exata do largo sorriso;
Fascinação eterna dos enamorados,
Essência mais pura dos apaixonados;
Calmaria sinuosa das orlas dos rios,
Chama luminosa em meio ao vazio;
Fenda na magia dos grandes intentos,
Marca do relógio nas areias do tempo;
Arco íris de luzes, reflexo das cores,
Raridade do ambar que exalta os amores;
Loucura insâna dos gênios pensantes,
Verdadeira alquimia dos diamantes;
Semente tenra cultivada na alma,
Safra mais terna nos campos da calma;
E por fim,
Desprovido de qualquer intenção,
Isenta-se o amor da lasciva ambição;
Jamais corrupto, mentiroso ou traiçoeiro,
Soma dos infinitos,
Parcela dos ínfimos,
Proporção dos inteiros!
Tempos Raros
Houve um tempo em que,
O homem orgulhava-se
Em ser chefe de família
Labutava, porém sorria
Garantindo o pão nosso de cada dia.
Houve um tempo em que,
A dignidade espalhava-se
Pelo impulso da alegria
Buscando a intensidade do amor
Na simplicidade da ingênua utopia.
Houve um tempo em que,
Selar um acordo dispensava assinatura
Palavra simples definia
Inquestionável caráter e postura.
Houve um tempo em que,
Ser bom era qualidade
Que o respeito valia
O amor vivia
Nenhum ser se omitia
E os sonhos aconteciam.
Difícil acreditar que,
Existiram tempos tão raros
Que definiam nossa nobreza,
Pois, achar tais essências nos é hoje
Tão caro...e,
Em tempos de tantas incertezas
Não ouso falar, apenas me calo.
Por Jeane Gislon de Menezes
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